terça-feira, 7 de maio de 2013

O câncer neo-clássico

Anos atrás era o governo que cagava pelas ruas fazendo viadutos e avenidas horríveis de grande apelo eleitoral e funcionalidade duvidosa, hoje quem defeca edifícios são as construtoras exibindo seus prédios de arquitetura padrão neo-cocô. O governo que luta pra limpar o centro que ele mesmo evacuou de seu intestino é o mesmo que não dá a mínima pra descarga a céu aberto dos bairros médios. Espigões de 30 andares com centenas de cubículos de 50 metros quadrados em ruas estreitas substituem prédios charmosos, casas antigas de valor histórico e terrenos cheios de árvores viram pó em frente ao lobby das imobiliárias.

Nessas horas sempre surge um otário pra dizer “É o progresso!” Algum dia alguém disse a mesma coisa sobre os bebês que nasciam sem cerébro por causa da poluição em Cubatão nos anos 80. Progresso não é sair derrubando o que vem pela frente e construindo qualquer coisa no lugar. Na porra da bandeira está escrito ordem antes do progresso, mas cadê essa ordem?

Essa cidade sempre foi a festa das construtoras, pagavam uma grana pro prefeito e “Kazam!” uma nova ponte sobre o rio tietê que ninguém precisava. Mas agora com o boom imobiliário compensa mais construir uns 20 neo-cocô ao mesmo tempo e nem precisa deixar uma grana na prefeitura. A grande decepção é que este estilo feio destrutivo está sendo exportado pra outras grandes cidades.

Parabéns a todos os envolvidos, dos arquitetos e aos que financiam essa nossa poluição visual.

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